Eco-Moda

07-05-2011 13:22

·        Moda

·        Reciclagem

·        A moda e a reciclagem

 

Moda:

    A tendência de consumo da actualidade é a moda. Foi dela que nasceram sob a influência de vários aspectos, diferentes estilos. A moda é uma tendência passageira e é algo facilmente alterável, uma vez que muda consoante a época, passa também pelo comportamento das pessoas e até pela maneira de se pentearem, passando já por diversas transformações. A cada dia que passa o mundo da moda vai-se superando a ele mesmo, e surpreendendo a sociedade com cores vivas, novas tendências, cortes inusitados e inovadores, sendo assim um modo de inspiração para todos aqueles que a seguem.

    Desde a pré-história que a moda já interfere na vida das pessoas, não só como forma de protecção mas também para haver distinção nos aspectos sociais, religiosos, estéticos ou simplesmente para marcar a individualidade. A moda pode ser considerada como sendo o reflexo da evolução do comportamento e retrato da sociedade com o significado de distinção. É tambem o fenómeno sociocultural que expressa os valores da sociedade numa determinada época.

    Só por meados do séc. XIX, com o aparecimento da crinolina1, é que a moda se tornou universal para todos os povos, até então cada povo tinha a sua própria maneira de vestir e de se embelezar, como tal havia diversas manifestações e estilos na mesma época. Mesmo assim ainda hoje, na fase da globalização, o mundo muçulmano constituí um universo à parte onde a burca2 e o chador3 ainda são bastante utilizados por populações inteiras.

 

A moda na Idade Média

    As invasões barbaras no inicio da idade média, levaram ao isolamento e ao inicio do feudalismo4, desagregando cidades e extinguindo praticamente o comércio em toda a Europa. Com isto as vestes passaram a ser produzidas artesanalmente, com fibras naturais e cores cruas, tornando-se assim raras e exclusivas, mesmo sendo extremamente básicas. A roupa dos camponeses distinguia-se de entre as da elite, por serem coloridas.

         Com o desenvolvimento das cidades e reorganização da vida das cortes, as populações começaram a aproximar-se das áreas urbanas, e como tal, enriquecidos pelo comércio, começou a haver m desejo por parte dos burgueses a quererem copiar as roupas dos nobres. No entanto os nobres queriam variar as suas roupas para se diferenciarem dos burgueses, logo, havia sempre uma reinvenção das roupas, criando algo novo. Como vimos, enquanto a Europa Ocidental foi variando nas formas de vestuário, a cultura oriental manteve-se presa ao seu próprio estilo.

 

A moda na Idade Moderna

      Entre os sécs. XV e XVII, foi a época da Idade Moderna, e foi chamada de “Época das grandes Navegações”, porque foi quando se descobriu a América e se abandonou a ideia de que o mundo era quadrado. Com estes dois acontecimentos a forma de pensar das pessoas mudou, e com a descoberta da América trouxe-se de lá diversas coisas entre elas, o pau-brasil, que era um material extraído em grande escala. Era recolhido para atender a um simples modismo, o método de tingir roupas. Nas cortes europeias passou a haver uma preferência pelo vermelho nas roupas mais refinadas. No final da idade moderna Luís XV ficou marcado na história da moda, pelo uso de salto alto, como algo inovador. Nesta época também se começaram a usar em maior numero perucas, babados, e o estilo Rococó aliado aos trajes.

          A partir do séc. XVIII, com a Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra, a moda foi afectada por esta revolta, deixando de ser artesanal e passando a fazer parte do mercado, ou seja, começou a entrar no mundo do mercado, deixando de ser algo banal, que se fazia apenas para cumprir preceitos.

 

A moda no século XIX

    Dá-se início ao séc. XIX com a superação por parte da corte de Napoleão Bonaparte, sob o Império Romano, surgindo assim o “Estilo Império”. A moda desempenha o seu papel ao livrar as mulheres dos espartilhos5, anáguas6 e armações, para saias e anquinhas. A década de 1830 adquire um perfil mais romântico, com saias amplas e grandes mangas bufantes. Na década seguinte a silhueta feminina foi tomando a forma de um sino ou uma flor invertida e a tendência romântica que se impôs, o que deu grande uso à crinolina. As crinolinas marcaram o momento em que surge a indústria da moda, uma vez que este foi o primeiro modismo que podemos dizer que foi universal e foram usadas desde 1852 a 1870.

A 3ª Republica seguiu o estilo “princesa” e a partir de 1880, até ao final do século, foram-se repetindo tendências e estilos esboçados em momentos anteriores. As crinolinas, que ainda foram usadas até ao final da década de 1880, caíram em desuso, sendo substituídas pelas anquinhas que armavam apenas a parte de trás das saias e dos vestidos.

    Foi ainda no séc. XIX que se criou o soutien.

 

A virada do Século

    A Europa no inicio do século XX, passava por uma intensa transformação de valores e costumes, Paul Poiret soube descortinar o que esta nova época desejava para as suas vestimentas. Inspirado pelos ballets russos e pelo meio oriental desenhou roupas que mudaram a silhueta feminina e a História da moda. Em 1906 Poiret libertou as mulheres do uso do espartilho, ao fazer um vestido que marcou uma nova silhueta. As criações de Poiret têm todas uma notável influência oriental, pelo uso de seda e cetim, musselinas7, e tecidos tipo véu e tule. Utilizava também inúmeras cores, entre elas o vermelho, cor-de-rosa, verde, amarelo e por vezes alguns tons de castanho. Para a sociedade da altura foi bastante chocante uma vez que as senhoras estavam habituadas a vestir-se de tons discretos.

    O espartilho acaba por ser descartado pelas femininistas, e a guerra e a urbanização requerem roupas mais práticas e com menos volume, saias pelo tornozelo e botas de cano alto são o indicado.

 A moda manteve-se estática até 1914. Mas com a Primeira Guerra Mundial, o desastre do Titanic e a popularização do teatro mudo, o mundo sofreu alterações que afectaram a moda da época. A Primeira Guerra Mundial provocou um corte em todos os movimentos artísticos incluindo a moda. Tal como muitos escritores e pintores, também muitos estilistas foram mobilizados ou alistaram-se voluntariamente. Durante a Guerra, as mulheres tiveram de ganhar uma nova postura, uma vez que os trabalhos que eram somente desempenhados por homens passaram a ser cumpridos por mulheres. O aparecimento do Jazz, do Charleston8 e as novas descobertas científicas, contribuíram para a evolução da moda: a silhueta mudou, juntamente com o cabelo, a altura das saias e os costumes. A silhueta passou a ser tubular e a cintura, os quadris e os seios, em vez de serem evidenciados eram utilizadas cintas e malhas que adequavam a silhueta, de modo a ficar toda igual.

 

A moda nos anos 20

    Os anos 20 foram uma década de prosperidade e liberdade, onde as mulheres da época traduziam no seu comportamento e modo de vestir o espírito da época. Nesta altura apesar de a silhueta continuar a ser tubular, já não se usavam mais os espartilhos, mas sim saias que mostrassem mais as pernas, vestidos mais curtos, leves e elegantes, onde mostrassem os braços e as costas. O tecido predominante era a seda, que facilitava os movimentos do Charleston. As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas, e o chapéu que até à altura era um acessório obrigatório, passou a ser apenas para o uso diurno. A pele branca, o uso do batom carmim e em forma de coração, os olhos pintados com cores fortes, e as sobrancelhas tiradas e o risco pintado a lápis, eram as tendências da maquilhagem para aquela altura. Foi um período onde a mulher sensual era aquela sem curvas e com quadris pequenos. Já na sociedade dos anos 20 as mulheres copiavam as roupas e os gestos das actrizes famosas, e as cantoras apareciam sempre em trajes ousados nas suas apresentações.

    Os grandes estilistas de 1920 foram Jaques Doucet, Coco Chanel e Jean Patou. Jaques Doucet, em 1927 subiu as saias ao ponto de mostrar as ligas rendadas nas meias, o que foi um verdadeiro escândalo para todos os conservadores. Foi conjuntamente nesta altura que a estilista da marca Coco Chanel, criou roupas para grandes estrelas. Tendo tido sempre muito sucesso com os seus cortes rectos, capas, blazers, cardigans, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Durante toda a década a Chanel foi lançando moda após moda. Já Jean Patou focou-se na criação de roupas desportivas, tendo desenhado inclusive, roupa para a tenista Suzanne Lenglen. Patou revolucionou igualmente a moda de praia com os seus maionts.

                                                                   

Décadas de 30 e 40

    Quando em 1929 a Bolsa de Nova Iorque registou a sua maior queda na história, nos anos que se seguiram houve falência, desespero e desemprego. O que fez com que na década seguinte os vestidos voltassem aos calcanhares, os decotes encurtassem e os sapatos tornarem-se novamente nas botas de cano alto de 1900. Os homens passaram a usar fatos desestruturados, normalmente de linho, com os ombros estreitos e calças mais curtas e mais justas.

    Com a Segunda Guerra Mundial o guarda-roupa, tanto masculino como feminino, ganharam feições e cores militares, os ombros ficaram mais largos, a cintura mais estreita e as cores inclinaram-se para o sépia, o bege e o verde musgo.

 

Década de 50

    Com o fim da Guerra e os Estados Unidos da América como líderes do mundo ocidental houve uma vaga de optimismo. Tornando-se na época de ouro das empresas multinacionais, o “new look”, que foi criado por Christian Dior e divulgado por centenas de filmes de divas como Marilyn Monroe e Jane Russel, foi um dos principais pontos de partida para a moda desta década.

    Na moda feminina as saias voltam a ser amplas e relembram as crinolinas. Os tecidos brilhantes como o cetim e o tafetá são combinados com o crepe de seda, o tule e o jersey. O bolero volta a ser usado assim como o redingote9. As tendências para o sexo masculino são os topetes10, as calças com pregas, a risca-de-giz e os sapatos com a ponta afiada. Os jovens mais ousados imitam actores como James Dean e Marlon Brando, acabando por usar coletes de couro11, camisolas brancas e calças de brim12.

 

Décadas de 60 e 70

    A década de 60 foi marcada pelo uso do scarpin13, algumas vezes com salto carretel, com o comprimento acima do joelho e de corte recto, criado pela Madame Chanel.

    Foi nos anos 60 que se deu o revolucionário movimento rebelde intitulado de hippie, o lema da época era “paz e amor”, como tal usavam roupas de cores alegres e estampagens floridas, com isto pretendiam mostrar sensibilidade, romantismo, descontracção e bom humor, bem como a liberdade de expressão perante o regime ditatorial. Na maquilhagem o foco era os olhos, sempre muito marcados, os batons eram de tons claros ou mesmo brancos. As perucas também voltaram a estar na moda, eram de diversas tonalidades e modelos.

     Nos anos 70 o movimento hippie foi absorvido pela imprensa e passou a ser uma tendência, coma s batinhas indianas, tecidos florais e bijuterias falsamente artesanais. Começa o uso das calças à boca de sino e a pata de elefante14, o tropicalismo trouxe de volta as plataformas, os turbantes e os “balangandãs”15. Além disso também se usaram combinações de cores como roxo com laranja e o verde com o roxo.

    A partir de 1975 apareceu a moda “disco” o que origem ao surgimento das discotecas. Voltaram as sandálias de salto agulha, usadas com meias curtas e coloridas e as saias “evasê”. O estilo de cabelo do momento era o black power.

     Foi na década de 70, em Berlim que surgiu o movimento punk que marcou verdadeira e definitivamente o mundo da moda, a música e o comportamento.

 

Anos 80 e 90

    Os anos 80 e 90 foram constituídos por todas as épocas já passadas.

    O vestido de noiva da Lady Diana, foi o lançamento do estilo designado “New Romantic”, o qual usou e abusou dos babados, laços, fitas e rendas. Os figurinos do filme “Blade Runner: O Caçador de Andróides” de 1982, usaram casacos com os ombros extremamente estruturados e os fatos no estilo militar da década de 40. Em 1986 no filme “Peggy Sue: Seu Passado a Espera”, o vestido que ela usa numa das cenas trouxe de volta a moda das noivas dos anos 60. No clássico “E Tudo o Vento Levou” realizado no ano de 1939, as actrizes aparecem com saias rodadas e mais volumosas, com babados e boleros.

 

Início do séc. XXI

    Dá-se início ao século com duas máximas sobre a moda: “nada se cria, tudo se copia” e “a moda vai e vem”. Nos dias de hoje, em vez de serem as divas do cinema ou da música a comandar o mundo da moda, são as drag-queens, que o dominam este meio.

    Mesmo assim nos dias de hoje houve a criação de variados movimentos por parte da junventude, como a estética clubber, o underground e até a cultura hip-hop. Mas todos os movimentos que se criaram estão ligados às modas  dos dias de hoje.

 

 

1 Armações usadas sob as saias para lhes conferir volume.

2 Veste feminina que cobre todo o corpo, até o rosto e os olhos.

3 Veste feminina que cobre o corpo todo com a excepção do rosto.

4 Foi um modo de organização social e político baseado nas relações servis.

5 Espécie de colete com tiras de aço ou barbas de baleia para comprimir e dar airosidade ao corpo

6 Peça de roupa interior, espécie de saia curta, que se veste por baixo de vestidos ou saias.

7 Tipo de tecido, leve e transparente, feito de fibras de algodão

8 Dança de origem afro-americana, do tipo do foxtrote e que esteve em grande voga nos EUA no primeiro quarto do século XX.

9 Casaco de senhora, comprido e abotoado na frente

10 Cabelo levantado na parte anterior da testa

11 Roupa típica do vaqueiro

12 Jeans

13 Tipo de sapato

14 Calças com as pernas muito largas

15 Pequenos objectos que dão mais brilho, roupa ou brinco que chame a atenção por estar fora de moda

 

 

Reciclagem

 

    A reciclagem é o reaproveitamento de materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto. Esta serve apenas para os materiais que podem voltar ao estado original e ser transformado novamente num produto igual em todas as características.

    Já a reutilização ou reaproveitamento consiste em transformar um determinado material já favorecido noutro.

    A partir do final da década de 80, a palavra “reciclagem” ganhou destaque pela empresa, quando se verificou que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis se estavam a esgotar rapidamente, e de que havia falta espaço para a colocação de resíduos.

    As vantagens da reciclagem são claros, tanto no campo ambiental como nos campos ambiental e social. A reciclagem pode reduzir a acumulação progressiva de resíduos, a produção de novos materiais, as emissões de gases como o metano e o carbono, as agressões ao solo, ar e água, entre outros. No aspecto económico a reciclagem contribui para o uso mais racional dos recursos naturais, evitando assim que haja utilizações desnecessárias de matérias não renováveis. Socialmente, a reciclagem não só proporciona melhor qualidade de vida ás pessoas, devido ás melhorias ambientais como também gera postos de trabalho.

 

A moda e a Reciclagem

 

    A aliança da moda e da reciclagem é uma tendência principalmente nos países da Europa e também na América Latina. Com o tempo o respeito pelo ambiente torna-se algo fundamental para qualquer ser humano consciente. Para evitar o caos e o impacto ecológico a moda resolveu agir para ajudar a combater essa situação.

    Roupas feitas com fibras naturais e materiais reciclados começam a ganhar adesão na Giorgio Armani. Em Itália, já é possível ver-se peças de vestuário feitas com algodão orgânico, fibra de soja, elaborados com embalagens de ovos ou até fabricadas a partir de algas Um dos pontos fortes nas colecções da estilista Stella McCartney é a sua atenção pelo meio ambiente. Apesar de tudo, em países como os Estados Unidos e a Alemanha, ainda existe falta de preocupação para com o ambiente.

    Algumas pesquisas no mundo da moda afirmam que já houve uma inclinação ecológica, mas era facilmente associado aos hippies.

Hoje em dia, essa inclinação ecológica já não é tida em conta como tal, mas sim como algo totalmente novo, moderno, cult, correcto e fashion. E para mais a ecomoda já conta com exibições nas maiores capitais da moda tais como: Londres, Nova York e Milão.

    Logo, a base da moda ecológica, que tem como “it” a confecção de roupas orgânicas, utiliza fibras, tintas naturais, recicla roupas e objectos usados, materiais esses, que na sua confecção não sejam tratados com produtos químicos, fertilizantes ou Pesticidas.